O álcool é uma droga lícita que tem seu uso difundido em quase
todo o mundo. É consumido, há muitos séculos, por mulheres e homens em
festividades, liturgias, comemorações, entre outras ocasiões, mas seu uso pode
causar dependência em pessoas predispostas e/ou submetidas a situações de
depressão, estresse e uso pesado e frequente, bem como em decorrência das
motivações individuais para beber.
O consumo do álcool é o vetor mais relevante de retardo mental
nos filhos de mães usuárias dessa droga, além de ser o principal responsável
por teratogenias no mundo ocidental. O consumo excessivo de
álcool entre as mulheres grávidas constitui um dos problemas mais relevantes da
dependência alcoólica, pois pode levar à síndrome alcoólica fetal (SAF), isto
é, à expressão de maior comprometimento neuropsiquiátrico em filhos de mulheres
que beberam em excesso durante a gestação.
Embora não se saiba exatamente qual é a dose de álcool que
poderia causar dano fetal, evidências recentes sugerem que mesmo uma dose por
semana está associada à possibilidade de dificuldades mentais. Expondo o feto a
um teratógeno, a mãe é moral e causalmente responsável pelo resultado, pois
está demonstrado que crianças de mães dependentes de substâncias psicoativas
apresentam risco elevado de doenças perinatais graves, como prematuridade,
malformações, retardo no crescimento intra e extra-uterino, sofrimento fetal e
infecções, com sequelas neurológicas e respiratórias. O recém-nascido de uma
alcoolista grave mama pouco, é irritável, hiperexcitado e hipersensível, tem
tremores, hipotonia muscular alteração do padrão de sono, transpira muito e
pode ter apnéia. Além disso, a transmissão vertical de infecções ligadas ao uso
de drogas, como HIV, hepatite B e C e sífilis, também é aumentada.
EPIDEMIOLOGIA DA SAF
É importante levantar dados e avaliar criteriosamente a SAF,
pois essas condutas permitem que as crianças identificadas com a doença possam
receber cuidados médicos adequados e ser encaminhadas a serviços sociais com
ações específicas e intervenções eficazes no plano educacional. Os órgãos de
pesquisa sobre a doença recomendam estratégias de vigilância ativa para
rastrear a SAF em uma determinada etnia; assim, é vital que planos de trabalho
sejam desenvolvidos e divulgados entre os agentes de saúde e pesquisadores, de
modo que os resultados de prevalência e incidência possam ser constantemente
comparados e atualizados. A avaliação de risco deve ser padronizada,
incrementando a coleta de dados da pesquisa em questão e favorecendo as
estratégias de tratamento e prevenção.
Estão associados ao maior risco da exposição fetal ao etanol:
- o padrão do abuso da bebida, seja por ingestão de grande volume de uma vez só ou por consumo constante e cotidiano;
- o grau de dependência (leve, moderado ou pesado), inclusive de outras drogas;
- gravidez prévia com exposição fetal ao álcool, pois o risco de surgir SAF em gravidez subseqüente tem recorrência de mais de 75%;
- membro da família como consumidor pesado;
- o absenteísmo às consultas de pré-natal, somado ao fato de as grávidas serem ou estarem momentaneamente desempregadas, socialmente deslocadas e/ou negligentes com os filhos.
Os índices de prevalência mundial encontram-se entre 0,5 e 3
casos de SAF para cada 1.000 nascidos vivos em várias populações. Esses índices estão
acima da soma de outros distúrbios de desenvolvimento, como a síndrome de Down
e a espinha bífida.
Efeitos diretos do álcool no desenvolvimento fetal
No organismo que está em crescimento dentro do útero, o etanol
transforma-se em aldeído acético por metabolização no fígado, ou seja, o
acetaldeído é a primeira substância derivada do metabolismo do etanol na
circulação materna e fetal.
Em culturas experimentais de células astrogliais do sistema
nervoso, demonstrou- se que o acetaldeído inibe o crescimento e a migração
neuronal, resultando em evidente microcefalia. Pode causar, também, morte
celular por necrose ou apoptose (morte celular programada), potencializada pelo
estresse oxidativo.
Os danos pré-natais na época da concepção e nas primeiras
semanas de gestação podem ser de natureza citotóxica ou mutagênica, levando a
aberrações cromossômicas graves. No 1º trimestre, ocorre risco de malformações
e dismorfismo facial, pois trata-se de fase crítica para a organogênese; no 2º
semestre, há aumento da incidência de abortos espontâneos; e, no 3º trimestre,
o álcool lesa outros tecidos do sistema nervoso, como o cerebelo, o hipocampo e
o córtex pré-frontal, além de causar retardo do crescimento intra-uterino e comprometer
o parto, aumentando o risco de infecções, descolamento prematuro de placenta,
hipertonia uterina, trabalho de parto prematuro e presença de mecônio no
líquido amniótico, o que constitui forte indicação de sofrimento fetal.
O etanol também é transferido para o leite materno, na proporção
de somente 2% da alcoolemia materna. A eliminação do álcool no sangue e no
leite obedece a padrões individuais. Quanto à amamentação de crianças de
alcoolistas, pode haver uma redução na produção sem alteração na qualidade do
leite, mas o álcool pode causar efeitos adversos no sono da criança, no
desenvolvimento neuromotor e, mais tarde, no aprendizado. Assim, recomenda-se
que a mãe que ingeriu bebida alcoólica se abstenha de amamentar nas horas
seguintes à ingestão. A SAF aumenta em 3 a 7 vezes a probabilidade de ocorrer a
síndrome da morte súbita infantil, contribuindo para o aumento dos índices de
mortalidade infantil em uma determinada população ou etnia.
O álcool e a placenta
O álcool tem como efeito primário uma vasoconstrição no cordão
umbilical e na placenta, o que pode incrementar a duração da exposição fetal
devido à redução do fluxo sanguíneo.
A exposição ao álcool tem muitos efeitos complexos na função da
placenta e no crescimento e desenvolvimento fetais. O álcool cruza a placenta
pelo sangue materno e vai para o líquido amniótico e para o feto. Em cerca de 1
hora, os níveis de etanol no sangue fetal e no líquido amniótico são equivalentes
aos do sangue da grávida. O acetaldeído também cruza a placenta, mas seu nível
no transporte é variável. A placenta humana tem capacidade metabólica limitada para
o álcool, e o fígado fetal não tem um sistema eficaz para metabolizá-lo, de modo
que a redução dos níveis de álcool acontece primordialmente pela reentrada na circulação
materna.
Referências:
http://www.einstein.br/einstein-saude/gravidez-e-bebe/Paginas/sindrome-do-alcoolismo-fetal-e-causada-pela-ingestao-de-alcool-na-gravidez.aspx
http://www.cisa.org.br/UserFiles/File/alcoolesuasconsequencias-pt-cap9.pdf
http://www.scielo.br/pdf/rbgo/v27n7/a02v27n7.pdf
"Ao contrário do que se pensava, os efeitos nocivos do álcool não se fazem sentir apenas no primeiro trimestre, período crucial para o desenvolvimento embrionário. Um estudo norte-americano mostrou que o abuso de bebida durante o segundo trimestre está associado à dificuldade dos filhos para aprender a ler e a escrever. A complicação mais grave, porém, é a síndrome alcoólica fetal, distúrbio que pode surgir em 50% das gestantes que ingeriram álcool. O diagnóstico é baseado nos seguintes critérios: redução do tamanho do feto (abaixo de 10% do esperado), alterações faciais típicas e distúrbios neurológicos." Esse trecho reafirma os danos causados pelo consumo de álcool na gravidez, conforme foi exposto incrivelmente no post. Todas essas informações são cruciais para a urgência do desestímulo ao consumo de álcool, principalmente entre gestantes. Além disso destaca-se também a importância do acompanhamento das mulheres grávidas durante o pré-natal, onde o médico e outros profissionais de saúde devem orientá-las dos riscos para o bebê que o uso do álcool traz, de forma a diminuir as sequelas causadas por essa substância.
ResponderExcluirFonte:http://drauziovarella.com.br/dependencia-quimica/alcoolismo/as-mulheres-e-o-alcool-2/
Ninguém sabe ao certo o quanto o consumo de álcool durante a gestação pode afetar o desenvolvimento de um bebê, por isso o Ministério da Saúde aconselha que mulheres grávidas não tomem nada de bebida alcoolica. Alguns médicos, no entanto, adotam uma postura mais flexível, permitindo que suas pacientes tomem, em ocasiões especiais, uma taça de vinho ou um copo de cerveja. "Vale o bom senso", afirma a médica Rosiane Mattar, professora e integrante da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo). No Reino Unido, as gestantes têm parâmetros mais claros para seguir se decidirem beber, apesar das advertências em contrário tanto do Royal College of Physicians (Instituto Real de Médicos) como do Royal College of Obstetricians and Gynaecologists (Instituto Real de Obstetras e Ginecologistas). O conselho é que, se a mulher quiser mesmo beber, a quantidade ingerida durante a gestação não ultrapasse uma ou duas doses de álcool, uma ou duas vezes por semana. Quando uma gestante bebe, o álcool atinge rapidamente o feto através da corrente sanguínea e da placenta. Mulheres que tomam mais de seis doses de álcool por dia correm o risco de ter filhos com síndrome alcoolica fetal. Crianças nascidas com essa síndrome sofrem de atraso tanto físico como mental, comprometimento de crescimento e distúrbios de comportamento, e apresentam malformações cardíacas e na face. As mulheres que consomem mais de dois copos de bebidas alcoolicas por dia durante a gestação têm mais chances de dar à luz bebês com problemas de fala e linguagem, de concentração e de hiperatividade, se comparadas àquelas que não bebem. O risco existe durante toda a gravidez, e não apenas no primeiro trimestre. O álcool ao entrar no organismo é transformados em acetaldeido que é toxico. Uma solução para as gestantes com dificuldade de deixar de consumir álcool é substituir por cervejas não-alcoolicas ou coquetéis sem álcool. Pode-se experimentar água com gás com um pouquinho de limão ou hortelã, e se for a uma festa que tiver bar de caipirinha, aproveite para pedir um drinque diferente sem álcool.
ResponderExcluirAtualmente, o Brasil aumentou a sua produção de bebida alcoólica devido ao aumento do consumo que dobrou nos últimos cinco anos, sendo as mulheres e os jovens os maiores contribuintes neste processo. O consumo de álcool é um hábito constante na vida de mulheres em idade reprodutiva, isto porque na sociedade moderna as mulheres ocupam de forma progressiva o mercado de trabalho, o que modifica, conseqüentemente, o seu papel social. Como foi dito o consumo excessivo de álcool durante a gravidez é perigoso ao feto, podendo levar ao nascimento prematuro, retardo físico e do desenvolvimento mental e até à morte do neonato. A prevenção é a melhor solução para reduzir riscos desse problema. Na França, em 1988, ocorreu uma diminuição da quantidade de consumo de bebida alcoólica pelas mulheres em virtude da mudança de comportamento conseqüente à sensibilização durante o acompanhamento no pré-natal. Também é importante buscar conhecer os motivos/fatores que levam as gestantes a consumirem bebida alcoólica, mesmo tendo informações sobre o risco que esta prática proporciona, pode se ter uma melhor orientação na formulação de políticas públicas comprometidas com a promoção, prevenção e tratamento deste "vício", conforme preconiza Ministério da Saúde.
ResponderExcluirFonte: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-60832011000300006&lang=pt
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-81452007000400012&lng=pt&nrm=iso
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirMuito oportuna essa abordagem, pois, no momento, observa-se um aumento do consumo de bebida alcoólica entre mulheres jovens, inclusive boa parte das gravidezes ocorrendo em função de sexo sob efeito de álcool. Acrescentando o exposto, uma pesquisa britânica concluiu que consumir álcool no mês anterior à concepção aumenta as chances do bebê nascer com tamanho restrito. Apesar do problema ser grave, desconheço uma política no sistema de saúde local que enfatize a conscientização das futuras mães. As ações estão voltadas mais para prevenção DSTs e outras afecções virais na gravidez, mas sobre o álcool pouca (ou nenhuma ) atenção é dada.
ResponderExcluirFonte: http://veja.abril.com.br/noticia/saude/alcool-na-gravidez-eleva-risco-de-parto-prematuro-mesmo-em-pequenas-quantidades
O álcool tem como efeito primário uma vaso contrição no cordão umbilical e na placenta, o que pode incrementar a duração da exposição fetal devido à redução do fluxo sanguíneo. A exposição ao álcool tem muitos efeitos complexos na função da placenta e no crescimento e desenvolvimento fetal. O álcool cruza a placenta pelo sangue materno e vai para o líquido amniótico e para o feto. Em cerca de 1 hora, os níveis de etanol no sangue fetal e no líquido amniótico são equivalentes ao do sangue da gestante.O acetaldeído também cruza a placenta, mas seu nível no transporte é variável. A placenta humana tem capacidade metabólica limitada para o álcool, e o fígado fetal não tem um sistema eficaz para metabolizá-lo, de modo que a redução dos níveis de álcool acontece primordialmente pela reentrada na circulação materna. A isoenzima do álcool desidrogenase pode alterar a evolução fetal, pois os mecanismos de ação do etanol parecem ser muitos, incluindo efeitos no metabolismo e alteração da função endócrina fetal, transporte de aminoácido pela placenta, redução da absorção de nutrientes, por intermédio da mucosa intestinal e alterações no metabolismo hepático materno.Em vista das manifestações nocivas provocadas por alterações no organismo materno e pelo comprometimento do fluxo sanguíneo placentário, pode-se considerar a ação diretamente exercida pelo álcool na embriogênese ou na fetogênese, consubstanciada a sua absorção.
ResponderExcluirhttp://www.fira.edu.br/revista/reec_vol2_num1_pag1.pdf
A postagem foi muito interessante e construtiva na medida em que trouxe mais uma vez, um tema relacionado diretamente com a Bioquímica, a saúde pública e a sociedade em geral, que é o alcoolismo durante a gravidez e os seus efeitos no desenvolvimento fetal. No organismo materno e fetal, o acetaldeído é a primeira substância derivada do metabolismo do etanol na circulação, e já foi comprovado que o mesmo inibe o crescimento e a migração neuronal, o que resulta em microcefalia, e pode causar também, (potencializado pelo estresse oxidativo), morte celular por necrose ou apoptose (morte celular programada). Em uma pesquisa sobre esse assunto, em média, 4,4% dos filhos das participantes que ingeriram álcool durante a gestação, nasceram com um tamanho menor do que o esperado (pelo tempo de gestação) e 4,3% nasceram prematuros. Esse risco, porém, foi duas vezes maior entre bebês cujas mães beberam mais do que duas doses de álcool por semana no primeiro trimestre de gestação em comparação com filhos de mulheres que não consumiram álcool nesse período. Dessa forma, mostram-se muito importantes medidas governamentais de conscientização das mães para que o alcoolismo, não prejudique e cause danos sérios ao bebê. Aguardo novas postagens sobre o assunto.
ResponderExcluirFonte:
http://veja.abril.com.br/noticia/saude/alcool-na-gravidez-eleva-risco-de-parto-prematuro-mesmo-em-pequenas-quantidades
A gestação é um período delicado para o feto e o consumo de álcool pela mãe pode causar prejuízos enormes ao seu desenvolvimento. As pesquisas demonstram que o cérebro é o órgão mais afetado pelo uso de álcool, podendo levar a deficiências permanentes, incluindo anormalidades neurológicas, disfunções comportamentais, atrasos desenvolvimentais e deficiências intelectuais. Outras pesquisas também sugeriram que crianças com SAF ainda sofrem com dificuldades comportamentais e emocionais que podem levar a diversos problemas cognitivos, emocionais, comportamentais e desenvolvimentais secundários, inclusive experiências escolares problemáticas, conflito com a lei, confinamento, comportamento sexual inadequado e problemas com álcool e drogas.
ResponderExcluirFONTE: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0021-75572008000500011